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Está a chegar o Verão e com ele a otite externa

Dr. Pedro Teixeira
Médico de Clinica Geral e Familiar

O canal auditivo externo faz a ligação entre a orelha e o tímpano, em cada um dos ouvidos, ajudando a direcionar as ondas sonoras para as regiões mais internas do ouvido, ao mesmo tempo que permite amplificar os sons.

Ora, a otite externa corresponde à inflamação, e quase sempre infeção, deste canal, acontecendo com mais frequência no período do Verão, em grande medida devido ao aumento das atividades aquáticas, nomeadamente em piscinas. O calor e a constante permanência de água no canal (especialmente quando contém elevada concentração de químicos que alteram pH fisiológico) favorecem o crescimento de microrganismos. Os principais agentes microbiológicos costumam ser as bactérias (ex: o Staphylococcus aureus, bactéria presente na flora da pele), ainda que os fungos e os vírus também possam estar envolvidos. Todavia, existem outros fatores, muitos deles intrínsecos da pessoa, como o caso de se ter um eczema crónico ou psoríase, ou então a manipulação frequente do canal com as unhas, cotonete ou objetos pontiagudos, lesionando nestes casos a barreira natural da pele. Também a própria configuração anatómica do ouvido externo, muito variável entre indivíduos, pode favorecer por vezes esta inflamação.

O quadro clínico instala-se habitualmente de forma súbita e os principais sinais/sintomas são: dor de ouvido moderada a intensa, que agrava com o toque no pavilhão auricular; comichão local; saída de conteúdo purulento/seroso; e sensação de ouvido tapado, com consequente perda/alteração auditiva.

O tratamento desta otite faz-se geralmente com a aplicação de gotas auriculares com ação antibiótica, anti-inflamatória e antissética. A limpeza prévia do canal aumenta a eficácia na aplicação das gotas. Em certas situações, perante a gravidade do quadro, torna-se necessária a administração de fármacos por via oral ou endovenosa. Concomitantemente, é imperativo suspender os fatores desencadeadores/potenciadores, como a manipulação ou o contacto do ouvido externo com a água. Sem tratamento, a otite externa pode evoluir para situações de maior gravidade, que têm especial relevância nas pessoas idosas, diabéticas e imunodeprimidas.

Por fim, como medidas preventivas para a ocorrência da otite externa, recomenda-se, em primeira linha, a evicção do uso de todo e qualquer objeto de limpeza do canal; a minimização da entrada de produtos de higiene/químicos no canal (champô, gel de banho, tinta do cabelo, etc.); e a limpeza regular de aparelhos auditivos, tampões e fones. Nos casos de otites externas de repetição/redicivantes, é necessária uma abordagem especializada.

A Lacobrigense
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